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Onde está a paz ?




Em nosso país, presenciamos estarrecidos, momentos de violência que fomentam um ambiente desfavorável ao desenvolvimento humano. Acuada , a população percebe que atividades essenciais para a busca ou manutenção de um Estado próspero, começam a ser comprometidas. Parte de nossos esforços se destinam a fazer usos de estratégias que preservem a nossa segurança e de nossos entes queridos, na execução de atividades basilares, como trabalhar ou estudar. Atribui-se a responsabilidade desta nefasta realidade as autoridades, que são acusadas de serem inertes e ineficientes diante da questão.


Onde está a Paz?


A filosofia de Santo Agostinho é útil para que obtenhamos as respostas e compreendamos as razões da violência que vemos ressurgir, como se fosse recuperada das páginas mais sombrias da História. Sigamos, então, com os ensinamentos de Santo Agostinho que nos foram trazidos por Gonzalo Tejerina Arias, da Ordem de Santo Agostinho, no Caderno de Espiritualidade Agostiniana:


 

A PAZ , A ORDEM, O AMOR.


No plano de uma definição geral, A paz para Agostinho consiste, antes de tudo, em uma ordem e ordem significa que cada coisa está ou deve estar em seu lugar, sem invadir ou pretender fazê-lo, o lugar que cabe a outra. Se este Mundo está formado por uma pluralidade e diversidade de seres, a ordem entre todos eles é que garante a paz.


Só deste modo se preserva a harmonia do conjunto, porque nada vai por sua conta sem o risco de desencadear o caos, mas, cada elemento se liga ao todo para realizar-se no que ele é, contribuindo assim para a harmonia dessa totalidade. A verdadeira paz, segundo a célebre definição Agostiniana é “a tranquilidade da ordem” e a ordem é a disposição dos seres que atribui a cada um o lugar que lhe cabe ( A cidade de Deus 19, 13 ,1). Desta maneira o individual atende a sua função, e dá e recebe ao mesmo tempo. Isto equivale a dizer que a paz é o respeito à hierarquia das realidades, dos valores, porque a ordem implica hierarquia, graduação das coisas, que estando todas sob o Criador, possuem um valor diferente. O mundo é uma totalidade estruturada, existe uma ordem geral, ou como afirma Santo Agostinho “ordo universitatis” (A ordem 1, 1, 1), ordenamento no qual entram todas as coisas que, no entanto, não está absolutamente prefixado, não é um mecanismo determinista, e sim algo aberto, dinâmico, que a liberdade humana pode tutelar ou pode modificar em medida distinta.


Como foi dito, a ordem é um dos transcendentais da ontologia agostiniana (cf. Natureza do Bem), ou seja, um caráter fundamental de todo ser pelo próprio fato de ser. Por isso, como para os Gregos, para Agostinho o mundo criado é um “cosmos”, uma realidade bela, ordenada, composta de “logos”, ou seja, de razão, que afeta também a matéria, que é bela e ordenada.


Sendo então a paz a tranquilidade decorrente da ordem, também é manifestação de outra realidade anterior e mais profunda, que é o amor; porque o amor autêntico é a realização concreta da ordem. Como dissemos, cada coisa mantém a ordem porque ocupa o seu lugar e porque é o que deve ser. Isso se dá, porque o interior de cada ser há uma tendência, uma inclinação dinâmica para se manter em seu lugar para se realizar. Ora, esta tendência nada mais é do que uma forma de amor, que visa levar cada coisa a sua realização ( A Cidade de Deus 11, 28). Os seres, o homem, tendem naturalmente para o seu fim por uma inclinação que é uma espécie de amor genérico, o que Agostinho chama de “pondus”, ou seja, uma gravitação natural para o próprio fim e que expressou na famosa frase de Confissões (13, 9 ,10): “amor meus, pondus meus”, meu amor é meu peso, ou seja, a inclinação natural pela qual me oriento efetivamente para o próprio ser e para o próprio fim. Definitivamente, essa tendência amorosa, de caráter natural, quando é realizada gera uma ordem e essa ordem é a fonte da paz.


Esta é uma situação geral que afeta toda criatura e, no caso concreto do homem, o autêntico amor que conduz e orienta o próprio ser deve colocá-lo em sua ordem, realizando dessa forma o próprio processo de auto-realização, que se dá especificamente na ordem do amor, porque o amor não é uma força cega, e sim bem canalizada. Se o homem quer se realizar seguindo a ordem do amor, realiza o cumprimento de sua vocação sem causar prejuízo aos outros. Amar significa respeitar a si mesmo e respeitar os outros, trabalhar para que o amor triunfe sobre nós mesmos e sobre todos.


Quando existe harmonia e concórdia entre os homens se realiza a paz humana; a qual como se considera, está indissoluvelmente ligada ao amor e à ordem ou ordenamento que este promove. “ A paz entre os homens é a concórdia ordenada” ( A cidade de Deus 19, 13, 1).


Gonzalo Tejerina Arias, (OSA)




Fonte: A PAZ - Caderno de Espiritualidade Agostiniana pág. 3 e 4 - FABRA


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