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S A L M O S

Senhor, livra-me do mal


6

Salmo 6

 

1 [Ao maestro do coro. Com instrumentos de corda. Na oitava. Salmo de Davi.]


2 Senhor, não me repreendas em tua ira, nem me castigues em tua indignação.


3 Tem piedade de mim, Senhor, pois perdi as forças; cura-me, Senhor, pois meus ossos estão abalados,


4 e minha alma está aflita ao extremo. Mas tu, Senhor, até quando?


5 Volta, Senhor, livra a minha alma, salva-me em tua piedade.


6 Pois na morte ninguém se lembra de ti, quem te louvará na mansão dos mortos?


7 Meu gemido me faz desfalecer, inundo de pranto meu catre toda noite e banho de lágrimas meu leito.


8 A tristeza perturba meus olhos, já envelheço entre tantos inimigos.


9 Afastai-vos de mim, todos vós malfeitores, pois o Senhor ouviu a voz do meu pranto.


10 O Senhor ouviu a minha súplica, o Senhor acolheu minha oração.


11 Fiquem confusos e conturbados todos os meus inimigos, voltem para trás, num instante se retirem.

MOMENTO ORACIONAL AGOSTINIANO

(SALMO 6)

ÉS VERDADEIRAMENTE O DEUS OCULTO!

          Por ter vindo para sofrer, o Senhor, ao vir, veio secretamente. Forte, ele apareceu na fraqueza da carne. Era preciso que aparecesse para ser visto, que fosse desprezado para ser crucificado. O esplendor de sua glória residia em sua divindade, mas esta se ocultava sob o véu da carne. “Se a tivessem conhecido, os judeus nunca teriam crucificado o Senhor da Glória” (1Cor 2,8).

           No meio dos judeus, no meio dos inimigos, ele viveu oculto, operando maravilhas, sofrendo perseguições, até o dia em que foi pendurado no madeiro. E os judeus, vendo-o em tal situação, desprezavam-no mais e sacudiam a cabeça diante da cruz dizendo: “Se és o Filho de Deus, desce da cruz!”

           Estava, portanto, oculto o Deus dos deuses, e suas palavras exprimiam antes a compaixão do que a majestade. Acaso não é a nossa voz que diz: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?” (Sl 21,2). Não se trata do grito do pecador na miséria de sua carne? Ele, que assumiu uma carne semelhante a do pecado, por que não assumiria uma voz semelhante a do pecador?

           O Deus dos deuses se ocultava, portanto, quando vivia no meio dos homens, quando tinha fome e sede, quando a fadiga o fazia sentar-se ou refazer pelo sono o seu corpo cansado, quando foi preso, flagelado, levado diante do juiz, a cuja soberba respondeu: “Não terias poder algum sobre mim se não te houvesse sido dado do alto” (Jo 19,11).

           Quando, conduzido ao suplício, ele permaneceu quieto, como uma ovelha diante do tosquiador, e na própria crucifixão e na sepultura, ele esteve sempre oculto, o Deus dos deuses.

          “Felizes os que não viram e creram”, essa frase se refere a nós. A terra, convocada do Levante ao Poente, não o viu, mas acreditou. Será então, irmãos, que Deus dos deuses, oculto outrora, oculto hoje, permanecerá para sempre oculto? Em absoluto! Escutai: “Deus virá em toda sua majestade”.

Oração

Senhor, nós, que não vimos o teu filho em sua condição de ocultamento, ensina-nos a acolhê-lo quando ele vier em tua glória! Amém.

 

Bibliografia:

HAMMAN, A. G. Os Salmos com Santo Agostinho, São Paulo, 1992.

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