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S A L M O S

O Senhor me sustenta


3

1 Salmo de Davi, quando fugia de seu filho Absalão.


2 Ó Senhor, como são numerosos meus adversários! São muitos os que se erguem contra mim;

3 muitos dizem a meu respeito: “Deus não lhe dará a salvação!”


4 Mas tu, ó Senhor, és minha defesa, és a minha glória, tu que ergues a minha cabeça.


5 Quando com minha voz eu invoquei o Senhor, ele me respondeu do seu santo monte.


6 Eis que me deito e durmo, e me acordo, pois o Senhor me sustenta.


7 Não tenho medo da multidão de gente que se lança contra mim de todo lado.


8 Levanta-te, Senhor, salva-me, ó Deus. Fere na face a todos os meus inimigos; quebra os dentes dos ímpios.


9 Do Senhor é a salvação. Sobre o seu povo desça a sua bênção.

MOMENTO ORACIONAL AGOSTINIANO

(SALMO 3)

​​

COM MINHA VOZ GRITEI AO SENHOR

          “Com minha voz gritei”, não com a voz do corpo, que é sonora pela vibração do ar, mas com a voz do coração, que o homem não ouve, mas que se eleva a Deus como um grito. Foi com essa voz que a casta Susana se fez ouvir; é dela que se trata quando o próprio Senhor nos pede que oremos a portas fechadas, isto é, sem estrépito, no recôndito do coração.    E que não se diga que oramos menos intensamente quando nenhuma palavra sai da nossa boca. Em vão nos esforçamos por rezar silenciosamente em nosso coração; pensamentos estranhos vêm perturbar a nossa prece e nos impedem de dizer: “Com minha voz gritei ao Senhor”.

       

        Só somos verdadeiros quando a nossa alma não mescla a oração nenhum pensamento carnal, nenhuma intenção carnal, e fala apenas ao Senhor, que só então a escuta. E, pelo vigor da intenção que o suscita, esse tipo de oração é, com justa razão, um clamor.

         

          A intenção da oração apazigua e purifica o coração e o dispõe a acolher os dons que Deus difunde em nós. Deus não nos atende por desejar que supliquemos a ele; o Senhor está sempre pronto a nos dar a sua luz, não a luz visível, mas a da inteligência e do Espírito; somos nós que, atraídos por outros desejos e ofuscados pela cobiça desse passado, nem sempre estamos prontos a acolhê-lo.

         

           A oração dirige o nosso coração para que aquele que, se soubermos acolhê-lo, está sempre pronto a dar. E essa conversão purifica o olho interior, expulsando os desejos da carne. O olhar do coração recupera sua pureza e pode suportar a luz simples e divina que brilha com imutável e perene claridade. Aquele que ora não apenas suporta a luz como é invadido por ela, que não o queima, mas o mergulha na alegria inefável que, na verdade, constitui a nossa bem-aventurança.

Oração

 Senhor, vê o nosso desejo, ele é já uma oração. Faze brilhar em nosso coração a prece que é silêncio, expectativa dos bens que nos prometes, hoje, amanhã e pelos séculos dos séculos. Amém.

 

Bibliografia:

HAMMAN, A. G. Os Salmos com Santo Agostinho, São Paulo, 1992.

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